POETA, PERFORMER, DECLAMADORA
MARLY PRATES LIMA
MUROS DE SILÊNCIO
Esbarro em esquivos muros de silêncio...
farpas de sons aprisionados
ferem meu sentir ansioso de melodia.
A comunicação se faz ausência
e ruídos mastigados entre dentes
vibram de forma dissonante.
Preciso de harmonia das palavras
para tornar inerte a solidão.
Numa vitrola, um tango bandoneón
diz da modernidade que me oprime,
agride e me faz esquecer
constelações de estrelas não maduras,
antiga doçura do verbo viver
quando havia tempo
de esperar o tempo madurar a vida
e o acontecer.
Os muros de silêncio guardam medos,
escondem o pavor da opção,
condenam todos os vitoriosos
e dão aos fracos absolvição.
Silenciar...
discreto modo de morrer
sem ver a voz
ser grito ou acalanto,
abafar o egoísmo e a vaidade,
tirar o sonho de um sombrio manto.
E sigo a me ferir nessa muralha
sangrando a carne, o peito, o coração,
só por querer contar minha verdade,
querer rezar em paz minha oração.
Ter a coragem
de amar meu semelhante
e perdoar a sua indiferença;
de fazer do inimigo um amigo
e ser feliz, sem culpas ou pudor
de derrubar pedras
de nome ironia
só para cantar.
o meu canto de amor!
(Marly Prates Lima)
POETA E ESCRITORA
MARINEY KLECZ
PROCISSÃO
Causticante carregar este andor sob esse sol.
Toda a gente me acompanha.
Andando atrás de mim...
“‘Sperança de felicidade,’inda temos, ó Senhor!”
Causticante carregar este andor sob esse sol.
Toda a gente me acompanha.
Rezando atrás de mim...
“Fé devoção,’inda cremos, ó Senhor!”
Causticante carregar este andor sob esse sol.
Toda a gente me acompanha.
Cantando atrás de mim...
“Adoremos e louvemos com muito amor, ó Senhor!”
Causticante carregar este andor sob esse sol.
Toda a gente me acompanha.
pedindo atrás de mim...
“Minha lida,minha vida,que melhore, ó Senhor!”
Causticante carregar este andor sob esse sol.
Toda a gente me acompanha
e anda,
e reza,
e canta,
e pede
e implora,
e espera...
e espera...
e espera...
(Mariney Klecz)
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