ESPAÇO DE CULTURA

ESPAÇO DE CULTURA

quinta-feira, 30 de abril de 2020


 POETA 
ROSÃNGELA GOLDONI

 

FAMÍLIA E AFINS

Tudo girava em torno da mesa:
amor,
presenças,
afinidades e família.
 Farta ou frugal
refeição
alimento e paz,
cordialidade e proteção.
(Re)união!
Hoje,
o pão nosso
em descompasso com o traçado,
destrói nós e laços
predomina o “eu” e seus interesses.
Desagregação!
Família que te penso unida,
ungida e purificada
pelos dons do sagrado,
refaz-te inteira!
Segue o teu destino:
união fraterna em paz universal!

(Rosângela Goldoni)

quarta-feira, 29 de abril de 2020

 POETA 
PENHA MARIA DIEGUES

 


 O AMOR E O SINAL DE TRÂNSITO
 
Antes, eu vivia sonhando
com um amor estacionado.

Hoje estou vivendo na estrada do amor,
onde só é permitido parar para beijar.

Só pode virar à esquerda porque é o lado do coração.
É obrigado parar para abastecer o corpo e o espírito.

É proibido buzinar para não atrapalhar o nosso amor.

O sinal está vermelho para quem nunca amou.
O sinal ficará, sempre verde,
para quem quer encontrar um novo amor.

Por isso não quero ficar na contramão dos seus anseios.
Eu quero, sim, ficar na mão única dos seus desejos.

(Penha Maria Diegues)

segunda-feira, 27 de abril de 2020

POETA E DECLAMADORA 
NEIDE BARROS RÊGO 

 

CONVOCAÇÃO 

Levemos a poesia a toda parte.
Tenham vida, em nossa garganta,
as palavras sepultadas no papel.
Vamos, livres de preconceitos,
atender a esse apelo.
Levemos a poesia a todos os lugares:
aos salões, às praças, teatros e bares.
Toda gente necessita de arte.
Levemos versos de amor,
canções de paz, orações....
Assim... levaremos o sonho,
emoção e alegria aos corações.
E não esqueçamos das mensagens
capazes de despertar,
nos homens ricos e pobres,
de várias crenças e raças,
os sentimentos mais nobres:
esperança, consciência, reflexão.
Levemos a poesia a toda parte.
É esta a nossa missão.

(Neide Barros Rêgo)

domingo, 26 de abril de 2020

 POETA 
MYRNA ANDRÉIA RIBEIRO 


ANGÚSTIA

Porque saudade
machuca, desconsola
e sofrimento aflora?

Implora a pessoa amada...

Porque sua falta traz
a ausência da minha paz?

Porque faz chorar,
o peito apertar,
o coração a doer,
minh’alma entristecer?

Tudo parece sem cor.
Tudo sem seu calor.

Seus braços
não enlaçam meu corpo.

Por fim, um eterno alvoroço...

E, com o passar do tempo,
fico a contento.

O suspiro afaga
o momento de sua chegada!

(Myrna Andréia Rineiro)

sábado, 25 de abril de 2020

 POETA E TROVADOR 
MATUSALÉM DIAS DE MOURA


FIM DE CAMINHADA

Avisto muito perto o fim da estrada
e sinto que não devo prosseguir
andando, afoito, para não cair
antes de terminar a caminhada.

Minha alma, envelhecida e já cansada,
não sabe se acredita no porvir
e, em dúvida, começa a pressentir
que minha carne, em breve, será nada.

Viver e praticar, o tempo inteiro,
o bem, até o momento derradeiro,
foi o ideal que sempre persegui.

E embora, nesta minha trajetória,
não recebesse os louros da vitória,
valeu a pena tudo o que vivi.

(Matusalém Dias de Moura)

sexta-feira, 24 de abril de 2020

POETA, PERFORMER, DECLAMADORA  
MARLY PRATES LIMA


MUROS DE SILÊNCIO

Esbarro em esquivos muros de silêncio...
farpas de sons aprisionados
ferem meu sentir ansioso de melodia.
A comunicação se faz ausência
e ruídos mastigados entre dentes
vibram de forma dissonante.

Preciso de harmonia das palavras
para tornar inerte a solidão.
Numa vitrola, um tango bandoneón
diz da modernidade que me oprime,
agride e me faz esquecer
constelações de estrelas não maduras,
antiga doçura do verbo viver
quando havia tempo
de esperar o tempo madurar a vida
e o acontecer.

Os muros de silêncio guardam medos,
escondem o pavor da opção,
condenam todos os vitoriosos
e dão aos fracos absolvição.

Silenciar...
discreto modo de morrer
sem ver a voz
ser grito ou acalanto,
abafar o egoísmo e a vaidade,
tirar o sonho de um sombrio manto.

E sigo a me ferir nessa muralha
sangrando a carne, o peito, o coração,
só por querer contar minha verdade,
querer rezar em paz minha oração.

Ter a coragem
de amar meu semelhante
e perdoar a sua indiferença;
de fazer do inimigo um amigo
e ser feliz, sem culpas ou pudor
de derrubar pedras
de nome ironia
só para cantar.
o meu canto de amor!

(Marly Prates Lima)


POETA E ESCRITORA
MARINEY KLECZ 



PROCISSÃO 

Causticante carregar este andor sob esse sol. 
Toda a gente me acompanha. 
Andando atrás de mim... 

“‘Sperança de felicidade,’inda temos, ó Senhor!” 

Causticante carregar este andor sob esse sol. 
Toda a gente me acompanha. 
Rezando atrás de mim... 

“Fé devoção,’inda cremos, ó Senhor!” 

Causticante carregar este andor sob esse sol. 
Toda a gente me acompanha. 
Cantando atrás de mim...

 “Adoremos e louvemos com muito amor, ó Senhor!” 

Causticante carregar este andor sob esse sol. 
Toda a gente me acompanha. 
pedindo atrás de mim...
 “Minha lida,minha vida,que melhore, ó Senhor!” 

Causticante carregar este andor sob esse sol. 
Toda a gente me acompanha 
e anda, 
      e reza, 
              e canta, 
                        e pede 
                                 e implora, 
e espera... 
           e espera... 
                       e espera...  

(Mariney Klecz)
 

segunda-feira, 20 de abril de 2020

POETA,TROVADORA E DECLAMADORA
 MARIÂNGELA TAVARES




MEU NOME É LIBERDADE

 Meu nome é Liberdade
irmã gêmea da Paixão.
Ando, sem Vaidade,
com pés descalços no chão.

Gosto do sol em minha pele,
queimando o meu corpo sem panos
e o vento soprando os cabelos,
os descabele num voo livre, sem danos.

Não tenho Amor prisioneiro,
só vivo a livre Paixão.
Não quero ser pássaro em viveiro,
quero voar pela imensidão.

Sou bicho solto no mundo
como o selvagem na mata,
que corre no solo fecundo
e se defende de quem o ataca.

Sou como o rio em ação
correndo para o mar imenso.
Sou Sentimento sem Razão
sou Instinto, jamais Amor intenso.

Não tenho Pensamento, Raciocínio ou Senso
sou Liberdade, sou Paixão.
Não faco nenhum Consenso
com o Amor ou a Razão.

Assim sou eu sem Censura;
solta, entregue a qualquer Emoção.
Sou livre, amante, despida, simplesmente criatura.
Meu nome é Liberdade, irmã gêmea da Paixão.

(Mariângela Tavares)

domingo, 19 de abril de 2020

POETA E DECLAMADORA 
MARIA OTÍLIA MARQUES CAMILLO



A ROSA

Poema dedicado à notabilíssima poetisa Maria Sabina

Sobre o assento do banco,
embelezando a vitrine,
linda, vermelha,
viçosa Rosa,
chamava a atenção.

Temendo
que a roubassem,
um anjo chegou,
sentou-se às costas do banco.

Se alguém ousasse tocá-la,
com suas asas douradas,
grandiosas,
voaria com ela
pelo espaço infinito...

De tudo isso,
“visto ou sonhado?”
 restou apenas
visual vazio,
lembrança do passado
com perfume de Rosa.

(Maria Otília Marques Camillo)

sábado, 18 de abril de 2020

 POETA 
MARIA GABRIELA GOMES DA FONSECA



MINHA FAMÍLIA

Vida que vem, vinda do ventre...
vida do bem,
 vem vindo
de dentro...
vida que vinga,
bem vinda ao centro...
centro do nosso mundo,
oriundo do fundo do peito...
peito que abriga a alma
e nutre o corpo
que, nos braços de minha irmã,
floresce em vida seu filho,
Yan...


SER DINDA

Deus me deu
filhos que não são meus.
Meu eu mãe,
mãe de todos os filhos
bem vindos de meus irmãos
meu eu mãe
e todo o amor,
amor maior,
maior que eu.

(Maria Gabriela Gomes da Fonseca)

sexta-feira, 17 de abril de 2020

POETA E TROVADORA
MARIALICE ARAÚJO VELLOSO




ESPERO O MOMENTO

Olho a tela pintada por mim.
O rio está ali intacto, tranquilo
como se me esperasse...
A paisagem, com toda a sua exuberância,
ainda é a mesma daquele mágico momento.
Mas eu... preciso esperar.
O barco está atracado, silencioso.
Atei-o com todas as forças que me restavam.
Dentro dele, estavam meus sonhos,
minha esperanças, minhas ansiedades...
Ele não pode partir sem mim.
Seria uma inconsequência!
Fomos cúmplices, somos cúmplices.
Hoje navegar não é preciso.
E eu... espero o momento
de sonhar meus sonhos,
de alcançar minhas esperanças,
de tranquilizar minhas ansiedades
e de realizar meus menores e maiores desejos.
Só assim poderemos partir.
Singrar rios, mares, oceanos...
Confiantes de que valeu à pena
esperar o momento.

(Marialice Araújo Velloso)

quinta-feira, 16 de abril de 2020

POETA E TROVADOR 
LEVI ALUCINAÇÃO 



MAR DE ROSAS 

Um dos privilégios da vida, 
é quando temos uma família, 
que ensina a todos, 
os mistérios de cada dia.
Iniciando com um olhar, 
depois vem o envolvimento, 
o namorar 
e, tempos depois, o casamento. 
Que pode ser um mar de rosas, 
se souber lidar com os espinhos, 
que toda relação nos traz. 
Em seguida vêm as consequências, 
filhos e netos, haja paciência... 
mas criados com muito amor. 
Este é o padrão imposto, 
pela sociedade mundial, 
julgando estar sempre certa. 
Quem vive só e solteiro, 
não constitui uma família completa.  

(Levi Alucinação)


POETA
LENIR MOURA 


INSONE 

Fui deitar levando seu choro, 
em coro, levei sua agonia. 
Sem sono, derramei a tristeza 
nos versos de uma poesia. 
Lembrei-me do tempo vivido, 
tão lindo que não dá para esquecer. 
O nascer de uma amizade, 
verdade... amiga... você. 
Talvez estivesse escrito 
o encontro de duas irmãs. 
Farão falta aquelas conversas, 
tão simples, de nossas manhãs. 
A vida divide a existência 
em ciclos, em pequenos pedaços. 
Para se entender o porquê 
do encontro dos nossos passos. 
E, sem explicar esta vida, 
nos fecha a porta que abriu. 
E somem as pessoas queridas 
deixando lembranças do que existiu. 
Nos meus versos encontro amparo 
e paro, para não lembrar. 
Na verdade, as rimas que faço 
embaçam meus olhos 
que querem chorar. 
E, chorosa, aceito os traços 
que esta vida, teimosa,
insiste em rabiscar. 

(Lenir Moura) 




POETA E DECLAMADORA 
LEDA MENDES JORGE




MISTÉRIO VIVO

Quisera...
a alegria da alvorada,
o acordar da passarada,
a transformação do casulo.

Quisera...
a beleza dos círculos da pedra
atirada no cristal do lago.

Quisera...
a firmeza de uma cicatriz
e o sangue de um parto
para que renasça,
em nós,
o mistério vivo

da Poesia.

(Leda Mendes Jorge)

segunda-feira, 13 de abril de 2020

 DECLAMADOR,POETA,ESCRITOR 
JUBER BAESSO





A MULHER COMO SINTO

Que lindo a mulher! Pecaminosa, luxuriante;
nua, serpenteante - a “serpente” no carnaval.
Mais bela pela TV que realiza o milagre tecnológico
mostrando de perto o que está longe - mais perto que
se estivesse perto.

Que lindo a mulher! Penteada e vestida, olhando vitrinas.
Pechinchando ou gastando...
Alegrando a paisagem, mostrando elegância;
escolhendo produtos com sabedorias traquinas.

Que lindo a mulher! Saracoteando nas noites de gala;
esnobando as amigas, despertando os galãs.
Machuca corações,
mas enfeita a festa e afugenta as vilãs.

Que lindo a mulher-sentimento!
Não tem cor, não tem raça nem idade;
não tem riqueza, não tem miséria nem sofrimento.
Só tem amor, afeição e bondade.

Que lindo a mulher de várias jornadas!
Mãe, lavadeira; de forno e fogão;
advogada, médica e outras funções.
Serena, meiga e cordata, mas firme governa o timão.

Que lindo a mulher enxerida!
Fiscaliza o marido - fala e reclama;
desmobiliza vontades -
Salva o equilíbrio do lar com o abrandamento da chama.

Que lindo a mulher criancinha!
Branquinha, de tranças Maria-Chiquinha;
pretinha, de coques amarradinhos.
 - Inocente, saltitante menininha.

Que lindo a mulher menina-estudante!
Uniformizada, ruidosa e falante;
festiva, sonhadora e vibrante.
- Esperançosa, remexendo a estante.

Que lindo a mulher, menina-moça!
Inocente e sorridente, mas zangada é um cão.
Criança e moça.
 - Mulher em botão.

Que lindo a mulher-menina-moça!
Misteriosa guardando segredos;
sonhando e brincando de amor.
Moça e mulher.
- Botão quase flor.

Que lindo a mulher casadoura!
Com trejeitos e requebrados.
Fêmea provocando o macho:
é rosa desabrochando; néctar preparado.
- Outra fase vai começar.

Casada que vai para cama, que faz sexo. Fêmea que se entrega
ao macho;
que dorme, acorda e levanta trazendo no ventre o mistério
da fecundação.
Mistério sem mistério
- é o começo do embrião.
Uma vida iniciante no final de uma “transação”.

Barriguinha crescendo, aumentando a cintura;
mãos auscultando o filhote;
barriga exuberante exibindo o mistério
do Criador reproduzindo a criatura.

Ternura da mãe que amamenta;
que dorme acordada lambendo a cria e acorda dormindo
cheirando o rebento;
que sorri com o filho sorrindo;
que chora com o filho chorando.

Vovó que briga com nora, que zanga com a filha;
com ciúmes protegendo o netinho.
É mãe tantas vezes revisitando o passado:
- São os extremos da vida se encontrando um pouquinho...
Mulher.
Mulher?
Mulher!
Mulher...

(Juber Baesso)

sábado, 11 de abril de 2020

 POETA 
JANE ROCHA DE OLIVEIRA


POESIA PELA POESIA

Poesia não é para ser entendida, explicada.
Não se interpreta poesia, não se argumenta.

Poesia é uma explosão de sentimentos,
é um estado, é uma maneira de pensar.

É como se a palavra tivesse sido pinçada
do coração da pessoa amada,
ou fosse colhida de uma flor.

É como se a palavra brotasse na natureza,
pedindo socorro aos montes.
sorrindo para a lua brilhante,
voando para o céu, bem distante,
onde se encontra com Deus, que é o VERBO.

E como se a palavra tivesse braços
e, esses, enlaçassem os amores sinceros, verdadeiros
e cobrissem de afeto o ser pequenino, indefeso.

É como se a palavra viesse do infinito
e distribuísse pedacinhos de carinho, que nem estrela cadente,
e fosse formando, em cada folha, de papel,
um desenho de letras,
um quadro sem figura, uma música sem nota.
Um céu sem estrelas!

É como se a palavra saísse do coração do poeta
e fizesse chorar o mais duro cidadão,
fizesse sorrir o mais triste ancião.

Isso é poesia!

(Jane Rocha de Oliveira)

sexta-feira, 10 de abril de 2020

POETA E ARTISTA PLÁSTICA
INÊS DRUMMOND PIMENTEL MENEZES 

FAMÍLIA

Raízes.
Mapas
que compõem tramas e dramas.
De onde surgimos,
entrelaçamo-nos.
Começo de vida
envolta nos braços.
Laboratório
de cooperação
e limites.
Laços afrouxados
nos embaraços
ou
apertados
na partilha de abraços.

(Inês Drummond Pimentel Menezes)

quinta-feira, 9 de abril de 2020

 POETA E CRONISTA 
HELSON LEMOS


FLORESTA AMAZÔNICA

Emaranhado de vidas, caules, folhas e raízes,
intransponíveis obstáculos, cipós pendentes.
Azul, amarelo, verde, em todos os matizes,
 casulo de frutos, plantas e flores pingentes.

Renda viva, com matéria verdejante, tecida.
Insetos, teias, aranhas,bichos e cobras.
Vitórias-régias, aves e borboleta colorida
convivem, em equilíbrio, numa perfeita obra.

A monotonia se quebra.
Acorda os sons, o sol penetra, tímido,com pouca luz.
Ouvem-se silvos, cantos, rugidos, trinados
gotas escorrem, em capilares, a seiva conduz.

A clorofila se forma colorindo a selva.
Remédios, unguentos curativos, essências,
aromas afloram amadeirados florais, na relva.
Drogas curando através de testes e experiências.

Pesquisando-se a biodiversidade,
se salvarão vidas, muitas vidas.
Reserva biológica, da humanidade,
laboratório, farmácia natural.

Os igapós - celeiro criatório, como os manguezais.
Igarapés, como estradas vicinais,
transbordam em rios dentro de rios.
Desembocam em caudalosas estradas principais.

Porque os homens, aos poucos, a destroem
pelas queimadas, mercúrio e poluição?
Rios, matas e a floresta se corroem.
 Patrimônio do mundo, maior pulmão.
Cabe a cada um e a todos nós unidos,
lutando, com abnegação, pela sua, total, preservação.

(Helson Lemos)

quarta-feira, 8 de abril de 2020

 POETA E DECLAMADORA 
GRACINHA REGO



SOZINHA DE VOCÊ

Eu não sabia de solidão.
A casa onde nasci... Grávida de gente e de carinhos.
A alegria da infância, os dias sem muitos planos.
À noite, o sono inocente, a boneca na mão.
O que fazer amanhã?
Ora, brincar!...

Eu não sabia de solidão.
A inquietação primaveril da adolescência,
os olhares matreiros, o rubor no rosto
ao leve toque de mãos... Aos pulos o coração!
O que fazer amanhã?
Ora, sonhar!

Eu não sabia de solidão.
O amor chegando... Crescendo no peito,
florindo na alma e a vida enfeitando,
 brotando nos poros, trazendo a paixão.
O que fazer amanhã?
Ora, amar!...

Eu não sabia de solidão.
A vida com você compartilhando,
os nossos meninos chegando,
o lar, a escola, tarefas em profusão.
O que fazer amanhã?
Ora, trabalhar!...

Eu não sabia de solidão.
Hoje vazio está nosso ninho...
e é simples dizer o porquê:
os filhos alçaram seus voos,
por eles me sinto feliz...
mas sozinha estou... De você!

(Gracinha Rego)


terça-feira, 7 de abril de 2020

 DECLAMADORA E POETA 
GILDA BAPTISTA DE FREITAS

 
 PAZ E LUMINOSIDADE

Podermos contemplar um dia ensolarado,
aspirar e sentir o perfume das flores,
ouvir o gorjear dos pássaros no prado,
ter mãos para tentar amparar sofredores.

Saber que nosso corpo, estando equilibrado,
poderá caminhar seguro, sem tremores,
também a nossa voz, num tom revigorado,
permitirá, da fé, sermos propagadores.

Sentir nosso vigor, bem maior do que a lida,
e que a dificuldade oriunda da vida
dá-nos a confiança e muita dignidade.

Louvemos sempre a Deus por nascermos perfeitos
e, tentando sanar os erros e defeitos,
encontraremos paz e luminosidade

(Gilda Baptista de Freitas)

segunda-feira, 6 de abril de 2020

TROVADORA E POETA
 FÁTIMA DANIEL 

 

EU POR MIM

Já naveguei em outros mares!
Fui quase ao Oriente
descobri que tu estavas
na brisa forte do vento.

Entreguei-me por inteiro
e saí despedaçada,
fui juntando os caquinhos,
hoje estou forte, sem mágoas.

Descobri que me amando
o mundo seria melhor,
não me traio, não sou estranho,
aceito tudo que fiz.

Se quero rir, eu sorrio.
Se quero chorar, não me nego,
 se conto piada ou se apito,
sou dona do meu universo.

Ocupo demais minha mente
com coisas boas pra mim
e isso transforma meu dia
e para vida eu digo sim.

Tento não me aborrecer
 mas, às vezes, não tem jeito,
o que me faz arrefecer...
é o amor que trago no peito.

(Fátima Daniel)

domingo, 5 de abril de 2020

 POETA
ELENIR MOREIRA TEIXEIRA 


 ROTINA

Hoje, eu quero te contar
as coisas simples
que são rotina da minha vida.
Acordar de manhãzinha,
e, sem cessar,
me espantar
com meus sonhos proibidos.
Tomar o café coado,
apanhar o regador,
dar de beber às roseiras
que sorriem para mim.
Ouvir o canto dos pássaros
suavizando a solidão...
Banhar meu corpo cansado
e mais um dia enfrentar.
Lentamente, passa o tempo
com suas horas sonolentas,
enquanto vou caminhando
sem saber aonde chegar.
São tantas as minhas procuras,
e, não menos, ou meus fracassos,
com vitórias tão escassas.
Busquei e, enfim, te encontrei,
capaz de se interessar
por minha história maçante.
Porque depois de falar,
a gente cria coragem
e força para lutar.
O caminho é bem mais leve
quando é duplo o caminhar.

(Elenir Moreira Teixeira)

sábado, 4 de abril de 2020

POETA
EDNA VASCONCELOS



SOLIDARIEDADE

É a chama de luz generosa 
que tem raízes no coração. 
É o amor sem fronteiras, 
independente de raça ou religião. 
É dar amparo aos que sofrem 
e que estão perdidos na escuridão. 
 
SOLIDARIEDADE 
 
É a missão altruísta, ela é doação. 
É o socorro aos que têm fome, 
e que não têm teto para morar. 
É ajudar os fracos e oprimidos 
que não sabem qual o rumo tomar. 
 
SOLIDARIEDADE 
 
É a luz se espalhando na multidão. 
É a marcha do povo de DEUS 
pregando a paz entre as nações 
na esperança de um mundo melhor, 
com o nascer do amor em cada coração. 
 
SOLIDARIEDADE 
 
É um ato bondoso e de compaixão 
que deve sempre seguir o princípio CRISTÃO: 
de dar sem esperar recompensa 
e nem tampouco receber GRATIDÃO! 
 
(Edna Vasconcelos)

sexta-feira, 3 de abril de 2020

POETA
DILMA GRANEIRO (in memoriam)


 GENTE

Gente sinônimo de amor, 
que brilha de modo sedutor, 
que caminha com energia, 
superando barreiras 
numa eterna magia. 

Não perca, nunca, o desejo 
de crescer e transformar, 
conjugando o verbo amar, 
ultrapassando desafio, 
seguindo o exemplo do rio 
que, confiante chega ao mar. 

SOL 

 Lindo dia de sol! 
Esplendor da natureza 
que aquece a alma da gente 
num ir e vir imponente 
Estirante de beleza. 

Dia de sol! 
Que nos enleva e enaltece 
com um calor que enobrece, 
as folhas das árvores dourando 
e o dom da vida ofertando. 

(Dilma  Graneiro)

quinta-feira, 2 de abril de 2020

MUSICISTA E POETA
CLAUDIA MÁRCIA RIBEIRO



 CANTIGA DO IDOSO

Ui, ai...
dói aqui, dói acolá,
nem um passo posso dar...

Este refrão ressoa
todas as manhãs,
do meu íntimo
a realidade revelando...

Ui, ai...
dói aqui, dói acolá,
nem um passo posso dar...

As engrenagens ficam emperradas;
o motor engasga e só pega no tranco;
a lataria se ressente do longo tempo de uso...

Ui, ai...
dói aqui, dói acolá,
nem um passo posso dar...

Sapato velho, da meia sola....
carro usado, perde o valor...
mulher velha, senta na pracinha
e assiste o resto da vida passar...

Ui, ai... dói
aqui, dói acolá
nem um passo posso dar...
 
Era para ser engraçado,
se não fosse triste...
era para ser instigante
se não fosse deprimente...

Ui, ai...
dói aqui, dói acolá
nem um passo posso dar... 

(Claudia Márcia Ribeiro)
PERFORMER E POETA 
CARMEN SÜLZER BRASIL
 O TOMBO

 Estava passando numa certa rua 
caí, me espatifando que nem uma perua! 
Dentro da cidade, num asfalto irregular 
a solidariedade, vim a encontrar! 
Tropecei e sem querer, 
beijei o chão tive vontade de correr,
lavar a boca com sabão! 
Toda envergonhada, sem ter o que fazer.
 Fiquei preocupada com o que poderiam ver 
puxei a minha saia,
 passei a mão na cabeça não ouvi nenhuma vaia, 
nunca me aconteceu uma coisa dessas. 
Tive a sorte, do sinal estar fechado 
se não... a morte teria me levado! 
Fui carregada à porta de um bar,
 medicada, uma água gelada, 
deram-me para tomar! 
Refeita do susto e livre da dor cruciante 
dei o agradecimento justo, aos meus ajudantes! 
Além de agradecer a Deus pela oportunidade 
de ainda ter encontrado: “Solidariedade”! 

(Carmen Sülzer Brasil)

quarta-feira, 1 de abril de 2020

POETA
ÂNDORA PATRÍCIA COELHO MOTTA
 

 SANTO ANTÔNIO, SEU MENINO

 Só porque é Santo Antônio,
seu menino,
que o dia foi feliz.
Não caí em seus braços
por mero descuido do universo?

Não mesmo,
Santo Antônio olhou de soslaio,
com um olhar desvairado,
querendo juntar lé com cré.

Mas pelo dia ser do santo casamenteiro,
o anjo de guarda já foi logo me avisando,
ah... descuidada, não sabe de nada,
amor chega devagar,
paixão é fogo já acendido.

Até o cupido se ruborizou
com tamanha discussão,
de um santo e um anjo
querendo leiloar meu rico coração.

(Ândora Patrícia Coelho Motta)

POETA E ESCRITORA
ÂNGELA CRISTINA CURI FERREIRA DE SIQUEIRA 
 

REFLEXÕES SOBRE O AMANHÃ

 Que venham as rugas... marco do tempo... decorrente!
Que venham as cãs... marco do tempo... concedente!
Que venham... sorrateiramente... convincentemente! 
Não quero carne velha, nem jeito azedo... nem robe,
de chita, estampado, rasgado,surrado ou reformado...
Cubram-me com seda... diáfana... salpicada de luz... sossegada!
Penteiem meus parcos fios com dentes não violados...
e que, minha pele, papel de seda amassado...
seja ungida com óleo perfumado...
tratada, resistirá às feridas fungicidas...
E, minhas mãos de ceratose, numa metamorfose... às sabidas...
reflexo dos sóis da juventude, acarinhadas...
Nada de piedade ou pieguice... deixem-me cuidar da minha horta,
não como folha ou natureza morta.
Preciso interagir com os cheiros e os sabores...
 portar flores furta-cores.
Quando cantar o canto solitário, no dia do meu aniversário,
lembrem-se que já não me prendo à calendário!
 Tornou-se desnecessário... igualitário... imaginário...
o que me importa, neste momento, é o caminhar lento...
sem tormento!
É abrir a janela, sentir o sol, a brisa na face...
desprendimento!
Perceber fragmento, de luz, que reluz nos meus olhos
pequenos... apertados... quase cerrados...
E, quem sabe, por impulso ou por vontade,
sem repulso, saia, do meu hálito de alcaçuz,
acordes em dó-maior... como obra de Miró...
Nada de escárnio, de sórdido ou à toa...
quem sabe... talvez...
um poema de Pessoa.

(Ângela Cristina Curi Ferreira de Siqueira)