DECLAMADOR,POETA,ESCRITOR
JUBER BAESSO
A MULHER COMO SINTO
Que lindo a mulher! Pecaminosa, luxuriante;
nua, serpenteante - a “serpente” no carnaval.
Mais bela pela TV que realiza o milagre tecnológico
mostrando de perto o que está longe - mais perto que
se
estivesse perto.
Que lindo a mulher! Penteada e vestida, olhando vitrinas.
Pechinchando ou gastando...
Alegrando a paisagem, mostrando elegância;
escolhendo produtos com sabedorias traquinas.
Que lindo a mulher! Saracoteando nas noites de gala;
esnobando as amigas, despertando os galãs.
Machuca corações,
mas enfeita a festa e afugenta as vilãs.
Que lindo a mulher-sentimento!
Não tem cor, não tem raça nem idade;
não tem riqueza, não tem miséria nem sofrimento.
Só tem amor, afeição e bondade.
Que lindo a mulher de várias jornadas!
Mãe, lavadeira; de forno e fogão;
advogada, médica e outras funções.
Serena, meiga e cordata, mas firme governa o timão.
Que lindo a mulher enxerida!
Fiscaliza o marido - fala e reclama;
desmobiliza vontades
-
Salva o equilíbrio do lar com o abrandamento da chama.
Que lindo a mulher criancinha!
Branquinha, de tranças Maria-Chiquinha;
pretinha, de coques amarradinhos.
- Inocente, saltitante menininha.
Que lindo a mulher menina-estudante!
Uniformizada, ruidosa e falante;
festiva, sonhadora e vibrante.
- Esperançosa, remexendo a estante.
Que lindo a mulher, menina-moça!
Inocente e sorridente, mas zangada é um cão.
Criança e moça.
- Mulher em botão.
Que lindo a mulher-menina-moça!
Misteriosa guardando
segredos;
sonhando e brincando de amor.
Moça e mulher.
- Botão quase flor.
Que lindo a mulher casadoura!
Com trejeitos e requebrados.
Fêmea provocando o macho:
é rosa desabrochando; néctar
preparado.
- Outra fase vai começar.
Casada que vai para cama, que faz sexo. Fêmea que se entrega
ao macho;
que dorme, acorda e levanta trazendo no ventre o mistério
da
fecundação.
Mistério sem mistério
- é o começo do embrião.
Uma vida iniciante no final de uma “transação”.
Barriguinha crescendo, aumentando a cintura;
mãos auscultando o filhote;
barriga exuberante exibindo o mistério
do Criador reproduzindo a criatura.
Ternura da mãe que amamenta;
que dorme acordada lambendo a cria e acorda dormindo
cheirando o rebento;
que sorri com o filho sorrindo;
que chora com o filho chorando.
Vovó que briga com nora, que zanga com a filha;
com ciúmes protegendo o netinho.
É mãe tantas vezes revisitando o passado:
- São os extremos da vida se encontrando um pouquinho...
Mulher.
Mulher?
Mulher!
Mulher...
(Juber Baesso)