AOS NOSSOS ALUNOS,PROFESSORES E AMIGOS!
ESPAÇO DE CULTURA
segunda-feira, 31 de dezembro de 2018
segunda-feira, 17 de dezembro de 2018
UM RECITAL COM VÁRIOS EVENTOS
(15/12)
Inauguração do busto de Edmo Rodrigues Lutterbach ,
patrono do Claron
APRESENTAÇÃO DO GRUPO G.A.R.IN.PO
E SEUS CONVIDADOS
Grupo G.A.R.IN.PO:Levi Alucinação,Cármen Brasil,Rose Torres e Mariney Klecz
RECITAL DOS POETAS CENTENÁRIOS DA ANTOLOGIA "ÁGUA ESCONDIDA", LANÇADA EM 1994 SOB A ORGANIZAÇÃO DE NEIDE BARROS RÊGO
Juber Baesso declama poesia de Álvaro Faria (nascido em 1918)
Dulce Matos declama poesia de Antonieta Gurgel(nascida em 1918)
APRESENTAÇÃO DOS CONVIDADOS
Neide Barros Rêgo
Myrna Ribeiro
Shirley Baesso
Ana Maria Cunha
Fabiana Latgé
Nilde Barros Diuana
Lenir Moura
Poetas,amigos e declamadores presentes
segunda-feira, 3 de dezembro de 2018
domingo, 18 de novembro de 2018
BANDEIRA
DO BRASIL
A
Bandeira do Brasil é o símbolo máximo de
representação da nação brasileira perante os outros países.A bandeira brasileira é composta por uma base verde em forma de retângulo, sobreposta por um losango amarelo e um círculo azul, no meio do qual está atravessada uma faixa branca, em letras maiúsculas verdes. O Brasil adotou oficialmente este projeto para sua bandeira nacional em 19 de novembro de 1889, substituindo a bandeira do Império de Brasil.
O conceito foi criado por Raimundo Teixeira de Mendes com a colaboração de Miguel Lemos, Manuel Pereira Reis e Décio Villares. É um dos símbolos nacionais brasileiros . O lema "Ordem e Progresso" é inspirado pelo lema do positivismo de Auguste Comte.
O campo
verde e o losango dourado da bandeira imperial anterior foram preservados — o
verde representava a Casa de Bragança de Pedro I, o primeiro imperador do Brasil,
enquanto o ouro representava a Casa de Habsburgo de sua esposa, a imperatriz Maria Leopoldina. O círculo azul com 27 estrelas
brancas de cinco pontas substituiu o brasão das armas do Império.
As estrelas, que representam os estados e o Distrito Federal,
e a faixa branca estão de acordo, respectivamente, com os astros e o azimute no céu carioca na
manhã de 15 de novembro de 1889,
às 8h30 (doze horas siderais)
domingo, 11 de novembro de 2018
LANÇAMENTO DA ANTOLOGIA
"A PEDRA QUE CANTA" (11/11)
RECEPÇÃO COM MYRNA ANDREIA RIBEIRO
MARINEY KLECZ DÁ INÍCIO AO EVENTO
FUNDADORES DO CLARON:
Juber Baesso,Helson Lemos,Mariney Klecz,
Myrna Andreia Ribeiro,Jorge e Wanda de Souza
CORAL ROTARYNCANTO SOB A CONDUÇÃO DO MAESTRO JOABE FERREIRA
POETAS E ESCRITORES PRESENTES NA ANTOLOGIA "A PEDRA QUE CANTA"
COBERTURA COMPLETA DESTE EVENTO:
https://www.facebook.com/pg/claronniteroi/
quarta-feira, 31 de outubro de 2018
quarta-feira, 3 de outubro de 2018
5º LUGAR - CONTOS - "O HOMEM DA INTERROGAÇÃO" (Hilário Francisconi)
Desejo confessar-lhe,caríssimo leitor,que poucas histórias,dentre tantas consignadas no rol das narrativas de terror,influenciaram,de maneira aterradora,o meu espírito indefeso e expectante como a que,adiante,eu lhe apresento.Devo registrar,contudo,que tal assombramento deve-se ao fato de o personagem envolvido neste conto pertencer ao círculo de minhas amizades,fato esse que em muito contribuiu para classificar esta história entre as poucas que,como disse aterrorizaram-me.
Tenho por Garcia uma amizade que perdura desde a nossa adolescência,mas foi somente nestes tempos de meia idade que ele resolveu relatar o que,surpreendentemente, sucedera-lhe aos vinte e cinco anos.
Tivesse eu tomado ciência do presente relato nos anais de suspense, talvez me confessasse incrédulo ,mas, creiam-me, não vindo dele - meu amigo sincero e em quem sempre depositara confiança.Eu o ouvi,fiz anotações e agora publico, com o seu consentimento e conforme este meu sucinto e assustado estilo, o que lhe sucedeu e que tanto estremeceu o espírito.
Garcia não fora,nos tempos colegiais,um menino extrovertido.Ao contrário,recluso e meditativo,
não era comum partilhar sua vida com o reduzido grupo de amigos.Era "fechado" em si mesmo,como se dizia, mas nem por isso dele desgostávamos.Apenas não falava além do estritamente necessário, mas isto, reconheço,será sempre uma vantajosa virtude.
Recordo-me bem,o menino Garcia era um estudante insatisfeito.Com tudo e consigo mesmo.
Acabrunhado, sempre fora uma personalidade em busca de uma estrutura psíquica que o diferenciasse de sua essência primordial.Garcia era,a um tempo,ele mesmo e outro,ainda que ignorasse,à luz de sua consciência, a razão de ser daquele outro que procurava em si mesmo.
Ao completar vinte e cinco anos,portanto trinta e cinco antes de relatar-me o ocorrido,Garcia
deixou terminantemente de mirar-se nos espelhos.Conseguira ocultar o seu segredo,por longo período, sem que jamais o suspeitássemos.O seu horror era particular;as suas dores,mortais e solitárias
Enfim,aconteceu que,certa noite,enclausurado em seu cômodo de dormir,deixou a poltrona em que costumava concentrar-se em sinistros rituais à luz de um pequeno abajur,dirigiu-se ao corredor da casa,já mergulhada na escuridão,empurrou com lúgubre silêncio a porta a porta do lavabo e acendeu uma luz frouxa que,de imediato, salientou disformes sombras nas paredes.Então,mortificado por pensamentos e desejos mórbidos, morou-se no vetusto espelho. Tomado de pavor e de arrependimentos,notou que aquele de quem aguardava refletir-lhe a própria figura não era senão,e
unicamente, um tronco humano com seus membros, cujo espaço vazio de onde se esperava um rosto ressaltava um gigantesco e desfigurado ponto de interrogação.
Desejo confessar-lhe,caríssimo leitor,que poucas histórias,dentre tantas consignadas no rol das narrativas de terror,influenciaram,de maneira aterradora,o meu espírito indefeso e expectante como a que,adiante,eu lhe apresento.Devo registrar,contudo,que tal assombramento deve-se ao fato de o personagem envolvido neste conto pertencer ao círculo de minhas amizades,fato esse que em muito contribuiu para classificar esta história entre as poucas que,como disse aterrorizaram-me.
Tenho por Garcia uma amizade que perdura desde a nossa adolescência,mas foi somente nestes tempos de meia idade que ele resolveu relatar o que,surpreendentemente, sucedera-lhe aos vinte e cinco anos.
Tivesse eu tomado ciência do presente relato nos anais de suspense, talvez me confessasse incrédulo ,mas, creiam-me, não vindo dele - meu amigo sincero e em quem sempre depositara confiança.Eu o ouvi,fiz anotações e agora publico, com o seu consentimento e conforme este meu sucinto e assustado estilo, o que lhe sucedeu e que tanto estremeceu o espírito.
Garcia não fora,nos tempos colegiais,um menino extrovertido.Ao contrário,recluso e meditativo,
não era comum partilhar sua vida com o reduzido grupo de amigos.Era "fechado" em si mesmo,como se dizia, mas nem por isso dele desgostávamos.Apenas não falava além do estritamente necessário, mas isto, reconheço,será sempre uma vantajosa virtude.
Recordo-me bem,o menino Garcia era um estudante insatisfeito.Com tudo e consigo mesmo.
Acabrunhado, sempre fora uma personalidade em busca de uma estrutura psíquica que o diferenciasse de sua essência primordial.Garcia era,a um tempo,ele mesmo e outro,ainda que ignorasse,à luz de sua consciência, a razão de ser daquele outro que procurava em si mesmo.
Ao completar vinte e cinco anos,portanto trinta e cinco antes de relatar-me o ocorrido,Garcia
deixou terminantemente de mirar-se nos espelhos.Conseguira ocultar o seu segredo,por longo período, sem que jamais o suspeitássemos.O seu horror era particular;as suas dores,mortais e solitárias
Enfim,aconteceu que,certa noite,enclausurado em seu cômodo de dormir,deixou a poltrona em que costumava concentrar-se em sinistros rituais à luz de um pequeno abajur,dirigiu-se ao corredor da casa,já mergulhada na escuridão,empurrou com lúgubre silêncio a porta a porta do lavabo e acendeu uma luz frouxa que,de imediato, salientou disformes sombras nas paredes.Então,mortificado por pensamentos e desejos mórbidos, morou-se no vetusto espelho. Tomado de pavor e de arrependimentos,notou que aquele de quem aguardava refletir-lhe a própria figura não era senão,e
unicamente, um tronco humano com seus membros, cujo espaço vazio de onde se esperava um rosto ressaltava um gigantesco e desfigurado ponto de interrogação.
5º LUGAR - POESIA - "SINO DOS VENTOS"(Claudia Marcia Ribeiro)
Fechei a janela e tranquei a Alma...
mas a brisa insiste...
e o sino dos ventos continua...
Madrugada afora
ele murmura...
linguagem sonora
traduzida agora.
Sinta! Viva! Chore!
Sorria! Usufrua! Suspire!
Lamente,caia e vá em frente!
Não adivinhe o porvir!
De repente...
silêncio...
Toque leve,gentil e carinhoso...
sussurrando...acalentando...
embalando...ninando...
....................................................
Abri minha Alma!
Fechei a janela e tranquei a Alma...
mas a brisa insiste...
e o sino dos ventos continua...
Madrugada afora
ele murmura...
linguagem sonora
traduzida agora.
Sinta! Viva! Chore!
Sorria! Usufrua! Suspire!
Lamente,caia e vá em frente!
Não adivinhe o porvir!
De repente...
silêncio...
Toque leve,gentil e carinhoso...
sussurrando...acalentando...
embalando...ninando...
....................................................
Abri minha Alma!
sexta-feira, 28 de setembro de 2018
4º LUGAR - CONTOS - "NOCA" (Elenir Moreira Teixeira)
Visitando a exposição do grande artista plástico italiano,Antônio Ferrigno,na Pinacoteca,do Estado de São Paulo,chamou-me especial atenção a tela intitulada "Preta Quitandeira"(1893/1905).
Retrata uma preta gorda,com braços fortes,cheios de pulseiras,trazendo no pescoço muitos colares de contas e,na cabeça,um enorme e bem -arrumado turbante.Sentada no chão,sob um poste de luz,ela cochila,com a mão no queixo,os pés descalços e as sandálias espalhadas pelo chão.Ao seu lado, estendida sobre um largo espaço,há uma toalha com muitos frascos e potes.
Motivou minha preferência,não,apenas,a riqueza dos detalhes e a beleza dos traços e das cores,mas,principalmente,por trazer-me,à lembrança,Noca,moradora do Morro de São Paulo,perto da minha casa,igualmente negra,gorda,sempre enfeitada com colares,pulseiras e turbante na cabeça.Todo dia ela desce o morro,pontualmente,às dezoito horas ,carregando,numa enorme cesta,muitos quitutes aromáticos e apetitosos:cuscuz;beiju;cocadas;pamonha;paçoca e outros,que prepara com muito cuidado e capricho.Coloca-os,também,numa alva toalha,sentando-se,após,no chão de cimento,a fim de esperar seus fregueses.Geralmente,são funcionários ao término do expediente;alunos e professores saindo do colégio e até pessoas que,nem sempre,passam por ali são atraídas pelo aroma e aspecto das guloseimas.Falante e simpática,ela atende a todos muito bem.
Lembrava-me do dia em que,após duas semanas sem aparecer,Noca voltou diferente.Não reconhecia nela a criatura alegre,falante e ativa.Tal qual `"Preta Quitandeira", estava descalça,com os chinelos espalhados,a mão no queixo,muito triste e pensativa...
_ O que aconteceu com você? Levou tanto tempo afastada e,agora,volta com este rostinho triste!?-
Perguntei-lhe.
_ Ah, madame,estou muito triste mesmo,mas não quero incomodá-la com meus problemas .
_ Deixa disso, criatura! Faço questão de ouvi-la.Ainda falta algum tempo para o pessoal chegar. Aproveite e desabafe - Respondi-lhe.
_ Então,vou contar.preciso,se não arrebento! - Tomou coragem e começou:
Carlito,meu único filho,sempre me acompanhou em todos os momentos alegres ou tristes,desde que seu pai se mandou com uma negrinha assanhada que,também,morava no morro.Ele tinha,apenas, quatro aninhos e até arrumava a casa ,enquanto eu preparava os quitutes.Muitas vezes,já maiorzinho,ajudou-me a trazê-los no balaio pesado.Lembro-me dele voltando para casa alegre,após
fazer algum biscate,entregando-me todo o dinheiro recebido.
_ Este dinheiro é seu,meu filho - Eu dizia.
_ Não,mãe,é nosso. - Ele respondia.
Assim,vivíamos uma vida simples, mas com muito amor.
Chegou a frequentar algumas aulas na escola da comunidade,mas não continuou.Dizia que sua cabeça não dava para o estudo.Tornou-se um rapagão e começou a frequentar um bar lá no morro.Eu lhe dava conselhos Não se misture com quem você não conhece.Não beba.Volte cedo para casa.Tá tudo bem,mãe,ele respondia.Eu entregava-o ao Senhor e vinha para o meu trabalho.Mas ele
passou a chegar cada vez mais tarde.Muitas vezes,cansada,eu já estava dormindo.Ele trocava o dia
pela noite.Dormia de dia e voltava de madrugada.Antes,tão carinhoso,tornara-se agressivo.Não
procurava trabalho e vivia catando o meu dinheiro.Quando eu dizia contente que a féria foi boa,
perguntava-me logo "quanto eu vou ganhar?". Começou a faltar dinheiro na minha bolsa. Ele argumentava que eu não havia contado direito.
A situação era essa quando,certa noite,bateram na porta.Abri e encontrei dois sujeitos mal
encarados dizendo que queriam falar com o Carlos.
_ O que vocês querem? - Ao ouvir o seu nome,ele veio nervoso e perguntou.
_ Viemos buscar você para um giro. - Responderam.
Assim como estava,de bermuda e chinelos,acompanhou-os.Antes de sair,beijou minha testa e
pediu-me que o abençoasse.Coisa que,há muito tempo,não fazia.Tive um pressentimento ruim.Sabia que meu filho não voltaria.E,assim,foi.Nem naquela noite,nem na outra,nem na outra.Decidi procurar Seu Alberto,um policial que mora no morro,e,ao chegar à sua casa,ele me disse que estava se preparando para ir falar comigo.Já aos prantos,perguntei:
_ meu Carlos está morto?
_Sinto! Encontraram o corpo no alto do morro,com algumas balas no peito - Respondeu-me.
Enterrei meu filho.Chorei durante duas semanas,pedi forças à Deus Para continuar o meu negócio e,aqui estou,de volta.
Os fregueses chegavam.Ela começou a atendê-los.Como sempre,falante e gentil,mas trazendo nos olhos a tristeza que jamais os deixaria.
Ao ouvi-la, pensei nos meus filhos,na minha casa e invejei sua força e coragem.
_ Senhora,já vamos fechar o Museu! - Advertiu-me o funcionário.
Tão distraída frente ao quadro,nem me dei conta de que era a única na sala.
Retirei-me.A Preta Quitandeira ali ficava na moldura.Noca seguia em meu pensamento.
Visitando a exposição do grande artista plástico italiano,Antônio Ferrigno,na Pinacoteca,do Estado de São Paulo,chamou-me especial atenção a tela intitulada "Preta Quitandeira"(1893/1905).
Retrata uma preta gorda,com braços fortes,cheios de pulseiras,trazendo no pescoço muitos colares de contas e,na cabeça,um enorme e bem -arrumado turbante.Sentada no chão,sob um poste de luz,ela cochila,com a mão no queixo,os pés descalços e as sandálias espalhadas pelo chão.Ao seu lado, estendida sobre um largo espaço,há uma toalha com muitos frascos e potes.
Motivou minha preferência,não,apenas,a riqueza dos detalhes e a beleza dos traços e das cores,mas,principalmente,por trazer-me,à lembrança,Noca,moradora do Morro de São Paulo,perto da minha casa,igualmente negra,gorda,sempre enfeitada com colares,pulseiras e turbante na cabeça.Todo dia ela desce o morro,pontualmente,às dezoito horas ,carregando,numa enorme cesta,muitos quitutes aromáticos e apetitosos:cuscuz;beiju;cocadas;pamonha;paçoca e outros,que prepara com muito cuidado e capricho.Coloca-os,também,numa alva toalha,sentando-se,após,no chão de cimento,a fim de esperar seus fregueses.Geralmente,são funcionários ao término do expediente;alunos e professores saindo do colégio e até pessoas que,nem sempre,passam por ali são atraídas pelo aroma e aspecto das guloseimas.Falante e simpática,ela atende a todos muito bem.
Lembrava-me do dia em que,após duas semanas sem aparecer,Noca voltou diferente.Não reconhecia nela a criatura alegre,falante e ativa.Tal qual `"Preta Quitandeira", estava descalça,com os chinelos espalhados,a mão no queixo,muito triste e pensativa...
_ O que aconteceu com você? Levou tanto tempo afastada e,agora,volta com este rostinho triste!?-
Perguntei-lhe.
_ Ah, madame,estou muito triste mesmo,mas não quero incomodá-la com meus problemas .
_ Deixa disso, criatura! Faço questão de ouvi-la.Ainda falta algum tempo para o pessoal chegar. Aproveite e desabafe - Respondi-lhe.
_ Então,vou contar.preciso,se não arrebento! - Tomou coragem e começou:
Carlito,meu único filho,sempre me acompanhou em todos os momentos alegres ou tristes,desde que seu pai se mandou com uma negrinha assanhada que,também,morava no morro.Ele tinha,apenas, quatro aninhos e até arrumava a casa ,enquanto eu preparava os quitutes.Muitas vezes,já maiorzinho,ajudou-me a trazê-los no balaio pesado.Lembro-me dele voltando para casa alegre,após
fazer algum biscate,entregando-me todo o dinheiro recebido.
_ Este dinheiro é seu,meu filho - Eu dizia.
_ Não,mãe,é nosso. - Ele respondia.
Assim,vivíamos uma vida simples, mas com muito amor.
Chegou a frequentar algumas aulas na escola da comunidade,mas não continuou.Dizia que sua cabeça não dava para o estudo.Tornou-se um rapagão e começou a frequentar um bar lá no morro.Eu lhe dava conselhos Não se misture com quem você não conhece.Não beba.Volte cedo para casa.Tá tudo bem,mãe,ele respondia.Eu entregava-o ao Senhor e vinha para o meu trabalho.Mas ele
passou a chegar cada vez mais tarde.Muitas vezes,cansada,eu já estava dormindo.Ele trocava o dia
pela noite.Dormia de dia e voltava de madrugada.Antes,tão carinhoso,tornara-se agressivo.Não
procurava trabalho e vivia catando o meu dinheiro.Quando eu dizia contente que a féria foi boa,
perguntava-me logo "quanto eu vou ganhar?". Começou a faltar dinheiro na minha bolsa. Ele argumentava que eu não havia contado direito.
A situação era essa quando,certa noite,bateram na porta.Abri e encontrei dois sujeitos mal
encarados dizendo que queriam falar com o Carlos.
_ O que vocês querem? - Ao ouvir o seu nome,ele veio nervoso e perguntou.
_ Viemos buscar você para um giro. - Responderam.
Assim como estava,de bermuda e chinelos,acompanhou-os.Antes de sair,beijou minha testa e
pediu-me que o abençoasse.Coisa que,há muito tempo,não fazia.Tive um pressentimento ruim.Sabia que meu filho não voltaria.E,assim,foi.Nem naquela noite,nem na outra,nem na outra.Decidi procurar Seu Alberto,um policial que mora no morro,e,ao chegar à sua casa,ele me disse que estava se preparando para ir falar comigo.Já aos prantos,perguntei:
_ meu Carlos está morto?
_Sinto! Encontraram o corpo no alto do morro,com algumas balas no peito - Respondeu-me.
Enterrei meu filho.Chorei durante duas semanas,pedi forças à Deus Para continuar o meu negócio e,aqui estou,de volta.
Os fregueses chegavam.Ela começou a atendê-los.Como sempre,falante e gentil,mas trazendo nos olhos a tristeza que jamais os deixaria.
Ao ouvi-la, pensei nos meus filhos,na minha casa e invejei sua força e coragem.
_ Senhora,já vamos fechar o Museu! - Advertiu-me o funcionário.
Tão distraída frente ao quadro,nem me dei conta de que era a única na sala.
Retirei-me.A Preta Quitandeira ali ficava na moldura.Noca seguia em meu pensamento.
4º LUGAR - POESIA - "VONTADE ATREVIDA" (Lenir Moura)
Calma!
É o que eu ouço sempre.
Calma pra que¿
Calma!
É o que eu ouço sempre.
Calma pra que¿
Prá viver¿ prá sonhar¿
Prá ser feliz¿
Prá quê tanta calma,
se a vida corre,o tempo passa,
as horas não param,
e o mundo se transforma¿
Prá quê calma
se a vida me chama,o mundo me desafia,
e a vida é um grito que acorda meu dia¿
Prá quê calma
se os meus sonhos estão aí
fervilhando meu coração,
e se meus desejos de sorrir pra vida,
alimentam,essa minha sensação¿
Prá quê calma
se o frenesi da vida,abala minha estrutura
e a verdade mais pura,é que eu só quero viver¿
Calma prá que¿
se o amor me chama,meu corpo reclama
e o que eu entendo da vida
é essa vontade atrevida
de me entregar a você¿
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